"E se me achar esquisita, respeite também. Até eu fui obrigada a me respeitar." (Clarice Lispector)

quarta-feira, 9 de maio de 2012

O fim do amor

E o mais triste do amor é quando nos encontramos na rua e já não nos reconhecemos.
Foi lindo nosso amor... sim, foi realmente muito belo... ainda consigo ouvir o som das nossas risadas ecoando pelo infinito. Foram tão belos nossos planos pro futuro, e eram tantos, que nos perdemos no presente.
O amor foi dando lugar à angústia, tão belas crianças, crescemos. E, antes que o amor morresse, antes que o real se tornasse um inferno de boas vontades, pude perceber que era hora de te deixar livre. Foi o NÃO que liberta.
E sabe, eu não consigo me lembrar da nossa última conversa e acho isso bom. Os finais, quando arrastados ao extremo sempre deixam as lembranças de uma palavra dura. Eu preferi deixar esmaecer.
Nem sempre é fácil acordar e saber que não existe alguém ao lado querendo saber suas histórias tortas. Mas apesar da bebida agora ter sabor mais amargo, tenho uma noção muito mais clara de quem EU sou.
Isso não é todo sobre mim. Você também cresceu. Talvez tenha sofrido bem mais que eu, afinal, sou defensora da tese que não importam as circunstâncias, o impostor sempre tem uma vantagem sobre o imposto. Espero que você guarde o que foi bom, eu guardei e ainda sorrio quando estou distraída, seja por bem ou pelo mal, alguma lição espero ter deixado.
Estranho não te ter segurando minhas mãos, mas somente assim consegui voar mais alto, a ausência de ti foi o início para eu me preencher de mim.
Às vezes me sinto uma pessoa má.... às vezes acho que agi incorretamente... mas vejo que já não cabia mais continuar... não foi um impulso, uma reação boba a uma raiva momentânea... eu somente soube, talvez pela primeira vez na vida, o momento certo de me tirar de cena e te deixar brilhar, como um balão colorido solto ao vento tentando encontrar seu arco-íris.
Sei que fiquei mais dura, um tanto quanto vazia, mais silenciosa e por vezes tenho que me concentrar para ter certeza que meu coração ainda bate. Seu vazio ainda está lá. Ainda é melhor seu vazio, completo, certo, ao vazio disfarçado, à distância maquiada. Confessemos, nós já não sabíamos de NÓS há algum tempo. Foi somente o basta, antes que se perca o respeito.

Nosso amor deixou de ser.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

eu ainda não esqueci

Pq o título é "eu ainda não TE esqueci" mas isso seria admitir num nível mais profundo do que eu quero admitir pra mim mesma.

Se eu ainda remexo seu facebook. Ainda não esqueci. Se morro de ciúme ao ver a loira te chamando pra sair na sexta. Ainda não esqueci. Se leio sua coluna no site, fico orgulhosa e tenho vontade de te parabenizar. Ainda não esqueci. Se ouço Kings of Leon e Metallica só porque tava escrito no seu texto e isso me faz sentir próxima nem que seja um pouquinho do seu pensamento. Ainda não esqueci. Se fico olhando seu status online no msn dividida entre o excluir e o conversar. Poxa. Ainda não esqueci. Se resgato esse blog e vomito palavras desconexas com o coração pulsando na garganta. É. Ainda não esqueci.

EU AINDA NÃO TE ESQUECI PORRA!!!

terça-feira, 31 de maio de 2011

Agosto amargo

Eu poderia me reinventar te contando como passei meus últimos dias, mas penso que as informações seriam meio incompletas, só sei do gosto de vodca e preguiça que não levantam comigo, misturados com o perfume agressivo de outros rapazes que dormi junto desejando acordar nunca mais. Os papos chatos, os sabores de beijos secos que não se sobrepõem ao seu na minha língua, as músicas altas demais que ouço com a manifesta intenção de estourar um tímpano, e explodir dentro de mim tudo que você ainda representa.

Olha pra mim. Ando finalmente me divertindo, sendo feliz pela noite, e transcorrendo os dias como se o futuro bonito fosse o que realmente parece ser - apenas um elogio falso pra gente sentir que sonhar é tão bacana quanto viver. Embora eu ainda acorde quente e molhada de pesadelos que tenho contigo, sempre de olhos abertos e inchados, claro. Dele, eu interpreto que o amor não passa de um cachorro louco, dando voltas, correndo atrás do rabo, babando doente de raiva. Você é meu eterno agosto, rapaz. Louco e amargo.

Seu sarcasmo sempre foi o diabo da nossa comunicação, então eu ordeno: tira esse riso sórdido do rosto, não vá pensando que essas palavras jorram da minha boca como placebo pro meu desconforto. A dor é meramente ilustrativa, e psicológica também. Ninguém jamais me fez sofrer, nunca me obrigariam a isso, sempre que sofri por alguém foi porque quis, não por julgar que valessem a lágrima, cada uma delas. Se corri tanto atrás de você foi pela ideia fixa de fazer justiça com as próprias pernas.

Mas agora tá tudo bem. Aprendi que quanto mais superficialmente você costura uma relação, menos chance há de se afogar. Navegar é preciso, o negócio é não faltar nas aulas sobre como boiar em águas nem doces nem salgadas. Hoje posso dizer convicta que prefiro o clarão das aparências que a penumbra de mergulhar fundo, sem saber como respirar abaixo do chão. Agora, como boa marinheira de incontáveis viagens, finalmente sei como desatar nós.

Eu sei, tudo isso soa meio triste e solitário, mas durante todo esse tempo que você ficou ao meu lado me ensinando como ser sozinha, tudo indica que fiquei boa nisso. Essa não é minha vida mesmo, essa alegria é emprestada, esse sorriso é postiço. No meu rosto decorado com pó diluível, a maquiagem é à prova de decepção - especial pra quem vaga pela noite sem o retornável desejo de quebrar a cara. E desse corpo que ofereci pra ser só seu, também não sou mais dona, agora é quase de quem quiser.

Cara, eu só queria te ver mostrando que precisa de mim, vez que outra. Que me amasse com ênfase nas vezes que não mereci ser amada. Porque, entre me sentir inútil só pra você e me sentir inútil pro resto do mundo, optei pela diversidade. Ok, não vou mentir, tenho sentimentos de estimação por você. Mas estou deixando de alimentá-los. Um dia eles morrem.




Gabito Nunes
http://www.carascomoeu.com.br/2011/05/agosto-amargo.html?utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed%3A+CarasComoEu+%28Caras+Como+Eu%29

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Atualização 101 em 1001

1.    Ficar fluente em inglês
2.    Receber um aumento de salário
3.    Vencer um medo
4.    Pagar uma bebida para um desconhecido
5.    Ler todos os livros da minha prateleira
6.    Começar uma pós
7.    Guardar dinheiro na poupança
8.    Falar mais sobre meus sentimentos
9.    Falar com um estranho
10. Permanecer no curso de bateria por pelo menos 3 meses seguidos
11. Meta secreta 1
12. Comprar 4 livros por ano
13. Montar meu quebra-cabeças
14. Comprar um bom perfume
15. Comprar uma boa bolsa
16. Comprar 5 conjuntos de lingeries interessantes
17. Fazer minha terceira tattoo
18. Jogar paintball
19. Ir ao hopi hari com amigos
20. Comemorar um aniversário na praia ou em um lugar extremamente legal com uma garrafa de algo alcoólico
21. Viajar de trem
22. Conhecer outro estado
23. Ver o sol nascer
24. Ver o sol se por
25. Ir a um show de alguém que eu realmente goste Norah Jones e Jesse Harris 14.11.2010 e...... U2!!!! 09 e 10 de Abril.
26. Ir a uma boa rave
27. Ir ao teatro/cinema 1 vez por mês  por pelo menos 6 meses
28. Fazer uma viagem de carro sem planejamento
29. Comprar maquiagem decente
30. Passar hidratante todos os dias por 3 meses
31. Fazer as unhas/ ter as unhas feitas por alguém pelo menos duas vezes por mês
32. Me alimentar melhor
33. Comer mais frutas
34. Beijar na chuva
35. Me apaixonar
36. Fazer algo legal pelos meus pais
37. Realizar 1 desejo de 3 amigos
38. Fazer exames de sangue
39. Levar meu sobrinho onde ele quiser, com direito a sorvete, pipoca e todas as coisas que criança gosta
40. Organizar minhas músicas
41. Adotar uma cartinha no natal
42. Ficar 1 semana sem celular e Internet (exceto para fins profissionais)
43. Baixar/comprar os 1001 albuns para ouvir antes de morrer
44. Enterrar alguma coisa para desenterrar no futuro
45. Ajudar uma ONG por pelo menos 6 meses seguidos. ONG Adote um gatinho
46. Contar um segredo
47. Aprender algo inútil
48. Aprender algo útil
49. Fazer um blog público 15.11.2010
50. Manter minha planilha de gastos atualizada por pelo menos 6 meses
51. Documentar um dia inteiro com fotos
52. Tirar fotos minhas com meus amigos e familiares
53. Ir a uma fazenda e colher fruta no pé
54. Pular numa piscina com roupas normais
55. Fazer o projeto 52 weeks versão para gatos. Uma foto por semana
56. Comprar uma câmera digital
57. Comprar óculos de sol
58. Ter mais paciência com pai e mãe
59. Ver um filme em IMax
60. Conhecer o Zoo de São Paulo
61. Fazer maratona de filmes
62. Arrumar o guarda roupa a cada 15 dias por 6 meses seguidos
63. Arrumar o quarto 1 vez por semana por 6 meses seguidos
64. Ir ao dentista e terminar o tratamento
65. Me livrar de coisas velhas e inúteis. Feito!!! 80% do que eu tinha, era lixo e foi pro lixo!
66. Comer banana split
67. Tomar café no StarBucks. Ok! E não é lá aquelas coisas.
68. Fazer uma serenata ou alguma outra declaração de amor
69. Comer algo que nunca comi
70. Beber algo que nunca bebi
71. Comprar bijuterias novas
72. Comprar uma touca/chapéu
73. Celebrar o ano novo e beijar à meia noite
74. Dormir sob as estrelas
75. Deixar um recado dentro de um livro para outra pessoa encontrar
76. Assistir filmes inéditos começando com todas as letras do alfabeto
77. Escrever um bilhete, prender a uma balão e soltar
78. Desafio 365 fotos
79. Fazer um picnic
80. Ficar sem fast food por um mês
81. Aprender de cor um poema
82. Assistir a estréia de um filme à meia noite
83. Tirar um dia de folga no meio da semana
84. Seqüestrar alguém por 1 dia
85. Meta secreta 2
86. Começar a fazer terapia
87. Viajar para o exterior
88. Comprar um computador decente
89. Comprar uma impressora nova e me livrar da antiga
90. Transferir meu título para a escola mais próxima de casa
91. Tomar florais para ansiedade
92. Tomar um banho de chuva. Só o U2 mesmo viu!!!! Mas cumprido parcial pq eu tava de capa de chuva.
93. Fazer as sobrancelhas pelo menos 1 vez por mês
94. Ter hora para dormir e acordar
95. Sair sozinha de madrugada, ir tomar café em algum local e falar com alguém também sozinho
96. Terminar LOST
97. Beber 1 litro de água por dia por um mês
98. Visitar uma cidade vizinha desconhecida num dia qualquer sem planejamento
99. Visitar mais meus tios
100.     Comprar roupas
101.     Terminar todas as metas no prazo


Início: 12 de Novembro de 2010
Término: 08 de Agosto de 2013

terça-feira, 8 de março de 2011

Direto do planeta solidão




"Lá estou eu em mais uma mesa com taças de vinho pela metade, risos pela metade, fumaças desenhando algo que quase formou uma imagem, restos de couvert e bolinhas inacabadas e nervosas de guardanapo. Olho pro lado e sinto uma saudade imensa, doída, desesperançada e até cínica. Saudade de alguma coisa ou de alguém, não sei. Talvez de mim, de algum marido fabuloso que eu tive em alguma encarnação, do útero da minha mãe, do meu anjo da guarda que está de férias em Acapulco, do meu avô que embrulhava sempre meu aparelho de dentes em um guardanapo e depois esquecia e jogava no lixo achando que era resto de algum lanchinho, de algum amor verdadeiro que durou um segundo, de uma cena perfeita que meu inconsciente formou na infância e que eu me encarreguei de acreditar como sendo meu futuro. . 
.Meus amigos me adoram e certamente chorariam se eu morresse. Mas será que eles sabem que eu penso sempre na morte? Será que eles sabem que aquela garota ali no canto da mesa, de decote, de bolsa da moda, rindo pra caramba, contando mais uma de suas aventuras vazias e descartáveis, acorda todos os dias pensando: o que eu realmente quero com essa vida? Como eu faço pra ser feliz?Será que eles sabem que se eu estou morrendo de rir agora, daqui a pouco vou morrer de chorar? E vice-versa? E isso 24 horas por dia? E isso mesmo com terapia, mesmo com macumba, mesmo com espiritismo, mesmo com meditação, mesmo com o namoradinho da semana. Será que eles sabem o tanto que eu sofro e o tanto que eu não sofro a cada segundo?
.Meus amigos me adoram. Mas sempre que podem, tiram sarro da minha cara. Sempre que podem, me transformam na chacotinha da mesa: Tati não sabe nadar, Tati não se droga, Tati não bebe, Tati expõe sua vida no site dela, Tati não arruma ninguém que a ame de verdade porque é louca, Tati assusta os caras, Tati é boba e se apaixona sempre, Tati não leva ninguém a sério, Tati explode por tudo, Tati fala demais, Tati fala palavrão, Tati reclama demais….Minha melhor amiga me ama muito, mas ela adora que eu seja o erro em pessoa só para ela se sentir o acerto em pessoa. Meu melhor amigo me chamou de infeliz um dia e eu nunca mais consegui rir da infelicidade dele. Meu outro amigo me adora, muito, mas se pudesse, de verdade, ele trepava comigo a noite inteira e nem me ligava no dia seguinte. Meus amigos me amam, muito, mas nem o máximo de amor de uma pessoa chega perto do que deveria ser amor. Amor não significa mais amor. E eu, mais uma vez, olho para o lado morrendo de saudade dessa coisa que eu não sei o que é. Dessa coisa que talvez seja amor.
.Sinto um nojo enorme e desesperador de todos os afetos em pílulas que posso ganhar. Fulano me acha a melhor companhia do mundo, mas pensando bem, ele pode desfilar com modelos por aí. Fulano pensa em mim todos os dias, mas pensando bem, ele tem que curtir a vida com seu carro novo. Fulano se diverte horrores comigo, mas pensando bem, ele também curte aquela tia tatuada que eu nem sei quem é e no fundo to pouco me lixando. Fulano passeou de mãos dadas comigo naquele fim de tarde que mereceu nossos aplausos, mas, quer saber? Viram ele dois dias depois de dormir na minha casa com outra numa festa. Fulano me apresentou para todos os amigos e encheu minha geladeira de comida, mas quer saber, putz, qualquer garotinha do bar dos pseudo-intelectuais malas também pode ser interessante ou, caso não seja, ao menos tem um buraco.
.Odeio todas as minhas pílulas, odeio todos os amores baratos, curtos e não amores que eu inventei só para pular uma semana sem dor. A cada semana sem dor que eu pulo, pareço acumular uma vida de dor. Preciso parar, preciso esperar. Mas a solidão dói e eu sigo inventando personagens. Odeio minha fraqueza em me enganar e mais ainda a dor que vem depois dos dias entorpecidos.
Eu invento amor, sim. E dói admitir isso. Mas é que não agüento mais não dar um rosto para a minha saudade. E não agüento mais os copos, as fumaças, os amigos, as intenções e as bolinhas de guardanapo pela metade. É tudo pela metade. Ao menos a minha fantasia é por inteiro. Enquanto dura..No final bruto, seco e silencioso da melhor festa do mundo que nem começou, é sempre isso mesmo. Eu aqui tomando meu chá mate limão meio querendo chorar, meio querendo mentir sobre a vida até acreditar. Aí eu limpo a maquiagem com creme anti-sinais e percebo que não faz o menor sentido ser uma criança chorona preocupada com rugas. Aí eu me acho louca porque só tem duas coisas que eu realmente queria nesse mundo: um filho ou voltar a ser filha. E aí eu deito pra dormir e penso em sacanagem, mas também penso em coisas bonitinhas. E eu rezo pedindo a Deus que não espere mais eu ser legal para ser legal comigo, porque eu to esperando ele ser legal comigo para ser legal. Aí eu penso que ele já é legal comigo e que, talvez, eu já seja legal com ele. E que tá tudo bem. Mas se eu penso que tá tudo bem nesse segundo, isso só significa que vou pensar o oposto no segundo seguinte. E que eu escrevi “ele” sem maiúscula mesmo, porque amigo íntimo a gente não fica com essa coisa de endeusar. E eu queria que Ele fosse meu amigo íntimo, ou ao menos existisse. E quando vou ver, já dormi. Sozinha."


Tati B.





Procura-se esperança desesperadamente. ..

"Pra onde foi a minha inspiração? Cadê? Uma preguiça de acordar. Uma preguiça de tomar banho, escolher uma roupa, escolher entre bolo de chocolate e suco de laranja. Tudo parece ter o mesmo gosto falso de paliativos. De forte somente a preguiça de contar de tantas preguiças. Da cartilha do sucesso, que manda estudar, amar o que se faz e se relacionar bem, apenas amei. Nem isso faço mais. Sou uma péssima aluna.

Tenho a impressão de ter chegado ao topo de uma montanha, mas ela era muito alta e afastada e ninguém me viu.
Em vez de sucesso sinto segundos desejáveis de suicídio, vontade de pular lá de cima da montanha com o dedo desejando um último foda-se ao mundo. Nem que seja para fazer barulho e sujar o chão dos equilibrados. Nem que seja para fazer falta.

Cadê o gosto intenso de fugir do mundo com um segredo fatal? Não existem segredos fatais: todo mundo come todo mundo por caça e infelicidade. Somos animais tristes e não seres loucos e apaixonados. Eu me enganei tanto com o ser humano que ando com preguiça de me entregar.Ninguém tem coragem pra mudar nada, ou apenas é inteligente para saber que a rotina chega de um jeito ou de outro, não adianta se mover.

Pra quem faço falta e aonde me encaixo? Aonde sou útil e pra quem sou essencial? Pra onde vou e aonde descanso? Pra quem e por quem vivo? Freud mexeu três vezes no túmulo com a vontade de me dizer que devo viver por mim. Dane-se a psicanálise: é muito mais gostoso ter outros encantamentos, além do umbigo.

Não que esses encantamentos não sejam para agradar meu umbigo. Ok, fiz as pazes com Freud, que deve achar o egoísta um pouco menos doente que o depressivo.

Ou não, não fiz as pazes com Freud, que acha tudo farinha do mesmo saco e nem está prestando atenção em mim. Ele é só mais um a não enxergar o alto da montanha, mesmo porque ele está embaixo da terra. Incluo Freud no meu "foda-se o mundo". Que papo é esse?

A esperança desesperada por amor e reconhecimento profissional deixou escapar a cansada esperança que se assustou de desespero.

Perdi meu deslumbramento, a válvula propulsora da vida que tive até aqui. Cansei de me encantar pelo difícil. Que tal um homem e um salário de verdade pra viver uma vida de verdade? Chega da miséria do sonho.

Chega de idealizar uma vida com um fone no ouvido. Eu quero tocar, eu quero cair das nuvenzinhas acima da minha cabeça. 

Junto com meu deslumbramento, perdi boa parte de quem eu era. Boa parte tão grande que não tenho para onde ir. Sou uma sem-vida.

Junto com o meu deslumbramento, perdi o rumo: quem não sonha não sabe aonde quer chegar. O sonho guia, leva longe. Mas de frustrado ele te faz retroceder alguns anos, te transforma em criança assustada. Sei disso quando durmo em posição fetal querendo ser devolvida ao quente da minha proteção primária. Freud volta a ser meu amigo.

Minha esperança é que o sonho esteja apenas cansado e depois de uma boa noite retorne colorido, musicado e perfumado. Eu disse a minha esperança? Então eu ainda tenho alguma? Nem tudo está perdido.

Estou deslumbrada com a vida, que te devolve à infância quando o mundo adulto atropela e fere. Lá na infância você se enche de sonhos e volta preparada para o mundo adulto, que se ocupa a frustrá-los todos novamente. Eu disse que estou deslumbrada? Não, eu não disse, eu escrevi. Que papo é esse?

Entre idas e vindas me resumo feliz. Entre altos e baixos me resumo equilibrada. Sendo assim, tá na cara e não tem pane: ando meio mal, mas vou sair dessa."


Tati B.



Quem você pensa que é, para expor meus pensamentos assim??




Vivo(a) ou Morto(a) - Meu reino por uma pessoa interessante


Não sei mais o que fazer das minhas noites durante a semana. Em relação aos finais de semana já desisti faz tempo: noites povoadas por pessoas com metade da minha idade e do meu bom senso.


Nada contra adolescentes, muitos deles até são mais interessantes e vividos do que eu, mas tô falando dos de "fabricação em série". Tô fora de dançar os hits das rádios e ter meu braço ou cabelo puxado por um garoto que fala tipo assim, gata, iradíssimo, tia.
Tinha me decidido a banir a palavra "balada" da minha vida e só sair de casa para jantar, ir ao cinema ou talvez um ou outro barzinho cult, desses que tem aberto aos montes em bequinhos charmosos. Mas a verdade é que por mais que eu ame minhas amigas, a boa música e um bom filme, sinto falta de um amor.


Já tentei paquerar em cafés e livrarias, não deu muito certo, as pessoas olham sempre pra mim com aquela cara de "tô no meu mundo, fique no seu".
Tentei aquelas festinhas que amigos fazem e que sempre te animam a pensar  "se são meus amigos, logo devem ter amigos interessantes".
Infelizmente, essas festinhas são cheias de casais e um ou outro esquisito desesperado pra achar alguém só porque os amigos estão todos acompanhados. Tô fora de gente desesperada, ainda que eu seja quase uma.

Baladas playbas com garotas prontas para um casamento e rapazes que exibem a chave do Audi, tô mais do que fora. Baladas playbas com garotas praianas hippie-chique que falam com voz entre o fresco e o nasalado (elas misturam o desejo de ser meigas com o desejo de ser manos com o desejo de ser patos) e rapazes garotos-propaganda Adidas com cabelinho
playmobil,também tô fora.

MUNDO IDIOTA

O que sobra então? Barzinhos de MPB? Nem pensar. Até gosto da música, mas  rapazes que fogem do trânsito para bares abarrotados, bebem discutindo a melhor bunda da firma e depois choram "tristeza não tem fim, felicidade sim" no ombro do amigo têm grandes chances de ser aquele tipo que se acha superdescolado só porque tirou a gravata e porque fala tudo metade em inglês, ao estilo "quero te levar pra casa, how does it sound?"

Para dançar, os muquifos eletrônicos alternativos são uma maravilha, mas ainda que eu não seja preconceituosa com esse tipo, não estou a fim de beijar bissexuais sebosos, drogados e com brinco pelo corpo todo.
Tô procurando o pai dos meus filhos, não uma transa bizarra.

Minha mais recente descoberta são as baladinhas também alternativas de rock. Gente mais velha, mais bacana, roupas bacanas, jeito de falar bacana, estilo bacana, papo bacana? Gente tão bacana que se basta e não acha ninguém bacana. Na praia, quem é interessante além de se isolar acorda cedo, aí fica aquela sensação (verdadeira) de que só os idiotas vão à praia e às baladinhas praianas.

Orkut, MSN, chats? me pergunto onde foi parar a única coisa que brealmente importa e é de verdade nesta vida: a tal da química.

Mas então onde, meu Deus?

Onde vou encontrar gente interessante? O tempo está passando, meus ex já estão quase todos casados, minhas amigas já estão quase todas pensando no nome do bebê? E eu? Até quando vou continuar achando todo mundo idiota demais pra mim e me sentindoo mais idiota de todos?

Foi então que eu descobri. Ele está exatamente no mesmo lugar que eu agora, pensando as mesmas coisas, com preguiça de ir nos mesmos lugares furados e ver gente boba, com a mesma dúvida entre arriscar mais uma vez e voltar pra casa vazio ou continuar embaixo do edredom lendo mais algumas páginas do seu mundo perfeito.

A verdade é que as pessoas de verdade estão em casa.

Não é triste pensar que quanto mais interessante uma pessoa é, menor a chance de você vê-la andando por aí?


Tati Bernardi




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É isso ae Tati, destrói meu restinho de carnaval expondo meu interior desta maneira tão obscena e chocante!!!