"E se me achar esquisita, respeite também. Até eu fui obrigada a me respeitar." (Clarice Lispector)

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Muito Prazer

(Tati Bernardi)

Eu tenho medos bobos e coragens absurdas.
Eu vivo cercada de pessoas por fora da minha bolha egocêntrica, infantil e sensível.
Eu preciso de sal e açúcar para não virar os olhos de pressão baixa e hipoglicemia.
Escrevo por três motivos simples: preciso aparecer e não sou bonita o suficiente, preciso matar o tempo e preciso não morrer.
Sou fútil, entro em pânico pela moda, mas meto um chinelinho pra parecer desencanada.
Sou romântica, entro em pânico por não ser amada.
Eu vivo à espera daquele momento, mas não sei momento é esse.
Às vezes sinto cheiros e morro de saudades de coisas que já não me lembro mais.
Eu me orgulho de todas as minhas lembranças ingênuas, mas tenho consciência de que foi a minha fragilidade cansada que me transformou numa pessoa irônica.
Eu tenho uma risada escandalosa que me envergonha e uma mania ridícula de imitar a Madonna nas pistas de dança.
Passo metade do dia odiando minha vida e querendo ser sugada pela minha própria insignificância.
A outra metade passo rindo do quanto sou dramática e exagerada.

Eu sei de cor tudo o que tenho que fazer para dar certo, mas tenho medo da responsabilidade de ser notada.
Adoro o toque do telefone que quebra o barulho do abandono, a força leve da caneta no papel que pode transformar tantas coisas e o som do carro chegando na chuva para me salvar.
Às vezes, eu gosto apenas da folha em branco, do silêncio, da noite e da janela fechada, de preferência todos juntos.
Adoro o som de crianças num parquinho.
Acho tudo o que se refere ao amor extremamente brega.
Acho tudo o que não se refere ao amor extremamente infeliz.
Tenho crises de pânico mas nunca tomei nenhum remédio, acho normal que às vezes o ar se despeça do meu mundinho fechado e me faça vagar pela falta de pressão do universo.
Minha mão fica tão gelada e meu coração tão quente que eu pareço um petit-gateau.
Tenho medo de vomitar e não parar nunca mais de vomitar.
De bater a cabeça desmaiada na pia e morrer solitariamente.
Eu cansei de papo furado à luz de velas, eu cansei da ansiedade e da ilusão de princesa.
Eu prefiro um DVD e um pijamão e todas as minhas guloseimas no armário da cozinha.
Mentira. Tudo mentira. Eu corro atrás o tempo todo.
Não vou falar de nada que não seja meu umbigo.
Sou essa mala monotemática mesmo, chata, obsessiva, mas que ama muito mais do que odeia.

domingo, 23 de janeiro de 2011

Sick and sad world




Não saber

Não saber. Existe troço pior que não ter notícias da pessoa amada, agora que ela vaga por aí cheia de vida enquanto você tenta soterrá-la no seu peito com pás e mais pás de festas chatas e romances sem ciúmes? Claro que sim. Durante a nacional ditadura militar, presos tinham um arame enfiado pela uretra e depois esquentado com maçarico no outro extremo. E quando o metal fervia grudando na mucosa interna, era abruptamente removido pelo torturador. Mas também, que me lembre é só.

Não saber teria o título de pior saudade disponível no mercado, caso o IBGE, o Ibope ou o InMetro resolvessem catalogar os graus desse lamento tão brasileiro. Achar perdida nas almofadas do sofá uma correntinha barata rende um sonho agonizante com aquele que o doutor mandou esquecer. Aí danou-se. Você acorda cinza, com um caroço de manga no diafragma, se perguntando como anda fulano.

Joga com as armas que tem. Como Sherlock Holmes, não resiste e invade as redes sociais atrás de indícios da assobiante existência dele longe do seu domínio. Sua vontade é encontrar fotos obscuras, de alguém condoído, posto a mudar-se para a Transilvânia, sentindo uma aparente falta sua como fosse você tão imprescindível quanto os quatro incisivos da arcada dentária. Que nada! Olha ele na praia indo buscar o frisbee. Olha ele bebendo duas latas de cerveja de uma vez. Olha ele abraçado numa vaca. Você olha, olha, olha, mas não vê. O sexto sentido de mulher capta algo intraduzível naquele semblante congelado. Elementar, minha cara. O não saber.

Não saber se ele ainda usa aquela camiseta dos Rollings Stones para dormir, se começou a fumar, que dia finalmente vai receber o canudo de jornalista, se colocou o prometido piercing na língua, se voltou a escrever poemas e se escreveu algum com seu nome. Ou talvez, se pensa um pouquinho em você sempre que vai ao cinema antes de comer sushi.

Aflitivo é não ter a menor noção se ele tem ficado doente, se insiste com a mania simples de andar de havaianas, tanto faz se indo à praia ou jantar na casa da sogra. Não saber se ele fez novos amigos, conheceu outros lugares ou ainda frequenta aquele pub inglês. Não saber se já deu flores, andou de mãos dadas com alguma menina, se esqueceu o sexo de vocês dois, se a vida dele continua ou se ele olha pra trás de vez em quando.

Torturante é saber que seguem o mesmo número de telefone, o nome da rua, o jeito de menino, o humor incorrigível, o abraço que aquecia, a mordida na orelha que resfriava ou o choque térmico que acometia sua dorsal com aquele sorriso breve. O que, pensando bem, seria melhor nem lembrar. Ou, se não for pedir muito, também não saber.

(Gabito Nunes)

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Das antigas

Cá estou eu.
Planos de sair, aguardando dar a hora, esperando a chuva passar, leve dor de cabeça... é... eu deveria dormir um pouco... não consigo.
Lendo Gabito Nunes e ouvindo músicas antigas. Fazendo download do cd Malhação volume I e pensando "eu deveria fazer isso mesmo?" Provavelmente não. Mas enquanto baixar um cd ruim for a coisa mais errada do dia, tá tudo bem né?!

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Rebelde sem causa

Pode parecer aqueles ataques de rebeldia típicos de um adolescente que não tem mais o que fazer na vida.
Mas sei lá...
Às vezes me dá vontade de me livrar de tudo que me prende. Mudar de casa, largar o emprego, vender o carro, até abandonar o show do U2 que eu tanto espero. Me livrar de todo e qualquer vínculo ou compromisso.
Impossível, eu sei.
Mas que dá vontade, dá!!

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Esse ano...

Esse ano promete!
Ou melhor, esse ano exige!!
Já pude perceber que esse ano promete muita coisa, muita revolução.
Se bom ou ruim? Não sei.
Só sei que apesar de tudo o que promete, esse ano vai é exigir muito. Exigir de mim mais paciência, ouvir mais a intuição, olhar as coisas de uma maneira diferente da usual.
Será um ano tenso! Mas vou fazer o possível para dar certo.

...
Eu sei que a resposta correta
Pode não ser a solução
...
(Sushi - Tulipa Ruiz)

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Itens 22 e 24

22. Conhecer outro estado

Santa Catarina!

24. Ver o sol se por
Praia da Joaquina.

2011

Meu ano começou com uma porção de atitudes e sentimentos até então inimagináveis.
Fato é que para 2011 eu quero um emprego novo, um amor novo e uma postura nova em relação a muita coisa. Será um ano bem agitado.
Vamos torcer!
Mas segue sempre a ideia que fechou 2010 e abriu 2011: melhor morrer tentando a desistir e conformar-se.

Bora lá!